SÃO PAULO - Uma mulher linda, independente e interessante (e
ainda malhada na medida certa e de longos cabelos negros) namora 2014
inteirinho com um quase cinquentão alto, bonito, sedutor (um tiquinho careca, o
que até lhe conferia um certo charme). No final, o príncipe vira um tremendo
sapo, depois que ela descobre que ele tinha outras três namoradas. Fixas e que
não sabiam uma das outras.
A história é só mais uma prova de que, às vezes, a ficção
imita mesmo a realidade. No melhor estilo “minha vida dava um filme”, Silvana
Mattievich, de 44, Roberta Rodrigues, 43, Marjory Queiroz, 23, e Jéssica Vilas
Boas, 25, marcaram de se encontrar bem no dia do aniversário de XY (como será
chamado o personagem masculino dessa história).
A vingança foi saboreada a frio, como deve ser. As quatro
mulheres combinaram o encontro num bar (Jéssica, que mora em Salvador, foi para
SP especialmente para isso). Tiraram dezenas de fotos brindando juntas e
criaram uma conta no Instagram, marcando o namorador em série. Fizeram
insinuações sobre seu desempenho, com hashtags como #nãoguentanem5minutos.
Hoje, são amigas de viajar juntas.
Roberta diz que, depois da fase homem perfeito, XY mostrou
logo o lado ciumento e controlador de sua personalidade. As brigas, a maioria
causadas de propósito e por motivos bobos, serviam como brecha para que tivesse
chance de encontrar as quatro. Mesmo na era das redes sociais, ele conseguiu
mantê-las isoladas uma das outras por muito tempo. Jéssica lembra que XY tinha
contas no Facebook e no Instagram, mas dizia que não queria expor a sua vida
particular.
— Ele não deixava que nenhuma de nós o marcasse nas fotos.
Falava que só tinha as redes para contatos de trabalho e que não interessava a
ninguém o que ele fazia ou onde estava — afirma ela.
Marjory ressalta que todas foram bloqueadas com a desculpa
de que ele não suportava curtidas e elogios à sua namorada.
— Era para que não bisbilhotássemos. Mas ele nos
desbloqueava para poder nos vigiar — diz.
VIAJAR, BRINDAR E DAR A VOLTA POR CIMA
Foi Silvana quem desmascarou o namorador em série. De olho
no comportamento de XY nas redes sociais, reparou que um de seus contatos no
Facebook, a baiana Jéssica, de repente sumiu. Foi a deixa para mandar uma
mensagem Inbox para a outra. Depois de descobrir mais duas também pelo Face, na
época do último Natal, as quatro criaram um grupo no WhatsApp.
— Estávamos chocadas, revoltadas, decepcionadas. Começamos a
montar o quebra-cabeça do qual cada uma de nós tinha um pedaço. Contamos nossas
histórias, dividimos fotos e situações que passamos com ele. Foi muito difícil
e doloroso perceber que tínhamos sido enganadas por tanto tempo. Aquele homem
por quem nos apaixonamos não existia — conta Silvana, que ficou com ele de
janeiro a dezembro de 2014.
Depois que se conheceram pessoalmente em um bar em São Paulo
(encontro em que riram, beberam e que é encarado por elas como uma espécie de
catarse), o quarteto planejou comemorar o aniversário de Jéssica em Salvador,
em fevereiro. Os quatro dias que passaram juntas foram especiais, diz Marjory,
namorada de XY de novembro de 2013 a dezembro de 2014:
— Foi uma celebração do livramento e da nossa amizade. Com
os limões, fizemos uma caipirinha.
Roberta concorda que foi em Salvador que as quatro
encontraram umas nas outras um elo positivo que as ligava.
— Só nós nos entendíamos perfeitamente. Isso fez nascer
carinho, respeito e gratidão. Somos muito diferentes, mas ganhamos essa
amizade, essa união. Foi a melhor coisa que poderia ter nos acontecido — diz
ela, que manteve o relacionamento mais longo com XY entre todas do grupo, de
abril de 2013 a janeiro de 2015.
Jéssica, a baiana, diz que teve muita dor e riso logo após
terem descoberto que não eram exclusivas. Nos dias em que uma delas acordava
mais forte, apoiava a que estava na pior. Foi assim quando elas se hospedaram
na casa de Silvana, em São Paulo.
— No último dia, fui com a Sil a um shopping. E olha que
loucura, vimos XY com uma nova vítima. Ele, claro, fingiu que não nos conhecia.
Fui chorando para o aeroporto, mas a Sil me consolou. Disse que aquele momento
tinha sido a deixa para dar um ponto final nessa história — lembra Jéssica, a
namorada que mais se irritou ao saber de uma das estratégias de XY: depois de
escolher um presente, comprava quatro iguais. E claro que apresentava o regalo
como se tivesse sido pinçado especialmente para sua cara metade. Ela se relacionou
com ele de fevereiro a dezembro do ano passado.
Mas, afinal, como elas conheceram XY?
— Pela internet — conta Marjory. — Às vezes, ele não atendia
às ligações ou não respondia às mensagens, o que eu achava estranho. Depois,
ele dizia que a conexão estava ruim ou que o celular estava no carregador, por
isso não tinha ouvido tocar. Outro detalhe: XY passava muito tempo no banheiro.
Cheguei a achar que ele tinha uma sensibilidade intestinal. Depois, entendemos
que era quando ele se comunicava com as outras.
Jéssica brinca que ele devia ter duas outras mulheres na
casa dos 30, já que ela e Marjory têm 20 e poucos, e Roberta e Silvana têm 43 e
44, respectivamente. Mas como ele administrava os quatro relacionamentos?
— Ele fazia um rodízio — explica Silvana. — Comigo, sempre
dizia estar cansado às sextas, que iria dormir.
— Comigo, a folga era no sábado. Mas havia também a desculpa
das viagens a trabalho — frisa Roberta.
Três das então quatro namoradas vivem em São Paulo. E o
risco de XY ser visto acompanhado?
— A desculpa para não sair de casa é que ele não queria que
me olhassem — conta Marjory.
Apesar das ausências e da possessividade, ele devia ter seu
charme, ou não teria mantido o interesse de quatro mulheres independentes.
— Ele nos fazia sentir especiais. Quando preparava um
jantar, dizia “Nunca fiz isso pra ninguém” — conta Silvana.
XY tinha seus arroubos generosos:
— Me presenteou com uma viagem juntos à Itália— lembra
Roberta.
— Também me levou à Itália. E pagava tudo — emenda Silvana.
— Ele mostrava que queria cuidar da gente. Não tinha como
não se envolver. Apesar de um ou outro detalhe menos charmoso... Ele usava
mocassins com uma meinha meio feminina e passava um pozinho no cabelo, para a
calvície — lembra Roberta.
E existiam os detalhes assustadores: XY reclamava de
decotes, incitava discussões para poder sumir por alguns dias, escolhia roupas,
fazia as sobrancelhas de uma delas... Sempre com a desculpa de que era por
amor.
Hoje, o quarteto pensa em um livro.
— Queremos abordar com humor e informação um psicopata
narcisista — conclui Silvana.
QUEM SÃO ELAS?
Silvana Mattievich
Carioca que mora há 4 anos em SP, é designer e artista
gráfica. Adora natureza, arte e viajar. Faz ioga, corre, desenha e pinta. Calma
e equilibrada. 44 anos
Roberta Rodrigues
Paulistana, é empresária, ama um bom vinho, viajar, dançar e
esportes radicais. Personalidade sedutora e sensual. 43 anos
Jéssica Vilas Boas
A baiana do grupo. Nutricionista, é louca por malhação. Está
treinando para competir no fisiculturismo. Divertida e brincalhona. 25 anos
Marjory Queiroz
Paulista, estudante de moda e stylist, é apaixonada por
cachorros e viciada em redes sociais. A mais explosiva e intensa das quatro. 23
anos.
http://ela.oglobo.globo.com/vida/mulheres-ficam-amigas-apos-descobrirem-que-todas-as-quatro-tinham-mesmo-namorado-15913916
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