Estava tudo programado, para iniciar a semana do DIA DA MULHER, falando de alguma GRANDE personalidade
feminina. Ontem tive a surpresa dessa maravilhosa notícia, prova inicial da
cura funcional do HIV . Por isso, a primeira personalidade em destaque da
semana, é a americana Deborah Persaud (virologista
coordenadora da pesquisa, professora do Centro da Criança Johns Hopkins, e
principal autora do relatório). Parabéns a Deborah Persaud e a toda equipe
médica envolvida na pesquisa. Lembrando sempre, que ainda a prevenção é MUITO
importante. Use preservativo!
Segue matéria:
NOVA YORK — Médicos anunciaram neste domingo que, pela
primeira vez, um bebê teria sido curado de HIV, uma evolução surpreendente que
pode levar a um tratamento mais agressivo de bebês infectados no nascimento e
uma forte redução no número de crianças que vivem com o vírus. A criança,
nascida na zona rural do Mississippi, foi tratada com medicamentos
antirretrovirais cerca de 30 horas após seu nascimento, algo que normalmente não
é feito. Se o estudo mostrar que o método funciona em outros bebês, é
praticamente certo que se modifique a forma como os recém-nascidos de mães
infectadas são tratados em todo o mundo.
Segundo a equipe médica, é o primeiro caso documentado de
“cura funcional” de uma criança infectada pelo HIV - quando a presença do vírus
é tão mínima que ele se mantém indetectável pelos testes clínicos padrões. A
criança tem hoje 2 anos e meio e não toma o medicamento há cerca de um ano, sem
sinais de infecção. Para a virologista Deborah Persaud, coordenadora da
pesquisa, a rápida administração do tratamento provavelmente levou a criança à
cura porque deteve a formação de reservatórios difíceis de serem tratados -
células inativas responsáveis por reiniciar a infecção na maioria dos
pacientes, semanas depois da interrupção do tratamento.
- Esta é uma prova do conceito de que o HIV pode ser
potencialmente curável em recém-nascidos - disse Deborah Persaud, professora do
Centro da Criança Johns Hopkins, e principal autora do relatório sobre o bebê.
- É a prova inicial de que podemos curar o HIV, se pudermos replicar o caso.
É o segundo caso bem sucedido no mundo, dando um impulso à
investigação destinada à cura, algo que poucos anos atrás pensava-se ser
praticamente impossível. A primeira pessoa curada foi Timothy Brown, conhecido
como o “paciente de Berlim”, um homem de meia idade com leucemia que recebeu um
transplante de medula óssea de um doador geneticamente resistente à infecção do
HIV.
- Para pediatras, este é o nosso Timothy Brown - afirmou
Deborah.
Os dois casos, no entanto, são diferentes. A infecção de
Brown foi completamente erradicada através de um tratamento elaborado para a
leucemia em 2007, que envolveu a destruição de seu sistema imunológico, e
graças à célula-tronco transplantada de um doador com uma mutação genética rara
resistente à infecção pelo HIV. No caso do bebê do Mississipi, em vez de um
tratamento dispendioso como o do paciente de Berlim, o procedimento envolveu a
utilização de uma mistura de medicamentos amplamente disponíveis e já
utilizadas para tratar o vírus.
A primeira vez que Deborah Persaud e outros pesquisadores
falaram sobre o assunto foi na segunda-feira, durante uma conferência sobre o
retrovírus e infecções oportunistas, que aconteceu em Atlanta. Alguns
especialistas, que ainda não sabem de todos os detalhes, disseram que precisam
ser convencidos de que o bebê realmente foi infectado no nascimento. Se não,
este seria um caso de prevenção, algo já feito para os bebês nascidos de mães
infectadas.
- A única incerteza é a prova definitiva de que a criança
estava de fato infectada - disse o médico Daniel R. Kuritzkes, chefe de doenças
infecciosas do Hospital Brigham e do Women’s Hospital.
Deborah Persaud e alguns outros cientistas afirmaram que
estão certos que o bebê, cujo nome e sexo não foram divulgados, foi infectado.
Foram cinco testes positivos no primeiro mês de vida - quatro para RNA viral e
um para o DNA. E uma vez que o tratamento foi iniciado, os níveis de vírus no
sangue do bebê diminuíram em relação ao padrão característico de pacientes
infectados.
A ONU estima que 330 mil bebês tenham sido infectados em
2011, os dados mais recentes que existem, e que mais de três milhões de crianças
no mundo estão vivendo com HIV.
Criança nasceu de maneira prematura
A mãe chegou no hospital rural no outono de 2010 já em
trabalho de parto e teve a criança prematuramente. Ela não tinha visto um
médico durante a gravidez e não sabia que tinha HIV. Quando um teste mostrou
que ela havia sido infectada, o hospital transferiu o bebê para o Centro Médico
da Universidade do Mississippi, onde ele chegou com cerca de 30 horas de vida.
A doutora Hannah B. Gay, professora associada de Pediatria, ordenou dois exames
de sangue com uma hora de intervalo para testar a presença do RNA do HIV e do
DNA, que encontraram um nível de vírus de até 20 mil mililitros.
Normalmente um recém-nascido com uma mãe infectada receberia
um ou dois remédios como medida profilática. Mas a médica disse, que baseada em
sua própria experiência, usou um regime de três remédios destinados ao
tratamento, não profilático, sem nem ao menos esperar pelos resultados dos
testes que confirmaram a infecção.
Quando a mãe e a criança retornaram cinco meses depois, a
doutora Hannah esperava ver altas cargas virais no bebê. Mas os resultados
deram negativo. Suspeitando de um erro no laboratório, ela ordenou mais exames.