(O Dia) O ano começa com três casos estúpidos de agressão
contra mulheres. Em todos, praticamente não há dúvidas sobre a participação de
cônjuges ou ex-companheiros. Uma das vítimas já teve morte cerebral: despencou
de uma laje, em São Gonçalo. Tudo indica que o namorado a empurrou. Outra jovem
luta pela vida, esfaqueada na Tijuca, e acusa o ex. A terceira escapou da morte
duas vezes em Copacabana: era esganada pelo marido, que, num acesso de fúria,
esvaziou a munição do revólver tomado de um incauto PM. O sujeito não matou
ninguém, mas podia ter assassinado a esposa - e outros - a bala.
A briga de réveillon
teria sido mais uma num longo histórico de violência, relatado por vizinhos,
como O DIA mostrou ontem. Nos outros dois casos, também é custoso crer tratar-se
de fatalidades. Estudo da Organização Mundial da Saúde aponta que maridos e
namorados são os agressores mais comuns e alerta para o fato de que a violência
é mais frequente do que se imagina. A OMS ressalta que é importante encarar o
problema como questão de saúde pública.
A gravidade do tema
tem respaldo no Brasil. Em setembro, este espaço chamou a atenção para números
do Ipea sobre homicídios de mulheres. Estimou-se em 16 os assassinatos diários
desde 2001 e afirmou que a Lei Maria da Penha, festejada como importante marco
na luta pela defesa das mulheres, mal interferiu nos registros da brutalidade.
Prender brutamontes,
como preconiza a lei, foi um avanço inegável. A legislação ainda facilitou o
pedido de ajuda a quem antes sofria calada. O acesso à autoridade policial e às
ferramentas para pegar e punir os agressores pode estar mais fácil, mas as
agressões continuam. Uma das soluções, como propõe o Centro Latino-Americano de
Sexualidade e Direitos Humanos, da Uerj, é investir em Educação e debater o
tema nas escolas, desde cedo, para que a mentalidade tacanha de pôr a mulher
num patamar inferior e considerá-la merecedora de chutes, socos, pontapés e
coisa pior seja extirpada com bom senso e respeito.
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mais suporte a mulheres agredidas, editorial (O Dia - 04/01/2014)