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sábado, 11 de abril de 2015

Modelo descobre câncer, abre mão de desfiles, mas não desiste de ser mãe




História muito especial. Guerreira de verdade. Vale a pena ler.

Heloísa Orsolini, de Piracicaba, se manteve firme durante o tratamento.
'Eu aguento um câncer, mas não a notícia de não poder ter filha', disse.
Ela tinha fechado três grandes trabalhos como modelo e já fazia planos para ser mãe quando descobriu um câncer aos 28 anos. O frio na barriga por saber que enfrentaria um período desconhecido de turbulência foi imediato. O rompimento do contrato com as agências foi inevitável. Mas, o que mais deixou Heloísa Orsolini inconsolável, foi saber, logo após o tratamento, que não poderia engravidar. “Eu aguento um câncer, mas não a notícia de que eu não poderia ter um filho”, falou. E não desistiu do sonho.
 Formada em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e professora de Yoga, Heloísa já pensava em deixar a carreira de modelo para se dedicar à “carreira de mãe” (veja galeria de fotos). No meio dos planos, entretanto, ela começou a sentir uma forte dor no pescoço. “Como sou alta, de vez em quando eu tenho essas coisas, então eu deito no chão e faço alongamento. Mas, daquela vez, não passou. Fiquei um mês assim”, contou.
 A dor desceu para o braço, que ficou roxo e inchado, e, então, ela foi diagnosticada com uma trombose. “O médico achou que era por causa do anticoncepcional que eu tomava, mas meu marido sempre falava para eu investigar o câncer. Aí eu lembrei que uma médica tinha pedido uma tomografia de tórax, seis meses antes, e que eu não tinha feito. Fiz e descobri um tumor de 11 centímetros no mediastino, que é o espaço existente entre os dois pulmões”, relatou.
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Quando ela foi encaminhada para o oncologista, entretanto, o médico disse que  poderia ser apenas uma inflamação. Para surpresa, o resultado da biópsia, deu negativo. Heloísa ficou 21 dias no hospital tratando pneumonia, teve alta, mas duas semanas depois teve outra trombose. Então, foi feita uma nova biopsia, que acusou um linfoma.
 O câncer já era de nível quatro e a modelo tinha focos de linfoma em 16 lugares. “Na hora eu fiquei aflita, primeiro porque eu sempre quis ser mãe e segundo porque eu ia perder o cabelo, isso é inevitável”, lembrou.
 Tratamento
Heloísa fez oito sessões de quimioterapia durante seis meses e, no mesmo período, tomava injeções na barriga contra trombose. “Meu médico garantiu que esse tratamento não prejudicava a fertilidade e disse que eu poderia ser mãe, então eu fiquei tranquila”, falou.
A jovem se manteve firme durante esse período. “Eu tive pouca fraqueza, uma afta ou outra e um pouco de enjoo, mas nenhum sintoma foi muito forte. Acho que o fato de eu levar uma vida saudável antes, me fez passar pela doença muito melhor. Eu quase não inchei, não emagreci e nem engordei”, falou.

Bonita por natureza, Heloísa fez questão de manter os cuidados com a beleza, sem deixar o lado espiritual de lado. Maquiagem, lenços e perucas foram suas companheiras inseparáveis durante o tratamento. “Você tem que se ver bem para que a tua mente não te veja como uma pessoa doente, isso ajuda na cura. E as pessoas que iam me visitar já sabiam que eu estava doente, eu não precisava parecer assim. E foi muito bom, porque elas me diziam que eu estava corada e isso me animava”, comentou.
Blog
Também durante o tratamento, Heloísa procurou maneiras práticas de enfrentar a doença: descobriu novos jeitos de usar lenços na cabeça, buscou meios para manter em alta o humor e decidiu criar um blog para revelar todas as descobertas para quem passa pelo problema. “Era como se fosse uma missão, eu podia ajudar as pessoas dividindo minhas experiências”, afirmou.
A princípio, ela relatava como fazia para enfrentar o câncer. “Eu tenho uma personalidade muito prática, objetiva e analítica. E também tenho muita fé. Desde o começo, eu tinha uma certeza de que ia ficar tudo bem no final. Essa minha maneira de encarar a doença foi uma inspiração para muita gente e isso me motivava a manter o blog. Sem contar que ele me mantinha ocupada”, ressaltou.

Com dicas de como se cuidar, como reagir diante dos comentários das pessoas e até diante dos próprios sentimentos, Heloisa conseguiu muitos acessos. Dois mil em um único dia. “Muitas pessoas dizem que a gente não pode mais reclamar, que perder o cabelo é o de menos e eu dizia que não é por aí. Isso mexe com a gente sim e, às vezes, reclamar é inevitável. Então, as internautas se sentiam de alma lavada com o meu blog. Mas eu nunca imaginei que ele tomaria essa proporção”, disse ela, que ainda mantém o porta ativo.
“Milagrinho”
Um bom tempo após o tratamento, Heloísa fez os exames hormonais para verificar a possibilidade de engravidar e, então, levou um susto quando soube que não tinha óvulos, segundo o resultado. “Aí eu fui buscar terapia. Não suportei essa notícia”, falou.
 O oncologista dela, entretanto, ainda garantia que a quimioterapia que ela fez não comprometia a fertilidade. “Aí eu conheci um médico que me disser para ter calma, porque o exame dizia uma coisa, mas meu corpo mostrava outra. Ele falou que meu corpo estava como uma casa que não tem energia elétrica, mas está com a luz acesa. E, então, me disse para tentarmos”, lembrou.
Dois meses depois, o coração dela ficou disparado quando a menstruação atrasou. Os  dois primeiros testes deram negativo para a gravidez, mas, por orientação do médico, sete dias depois Heloísa repetiu o exame, que comprovou a gestação. “Na hora liguei para o meu marido e para minha mãe, que quase bateu o carro", brincou. "Eu tenho vontade de chorar de alegria até hoje, quando olho para a Mariana e penso que ela é meu milagrinho”, disse emocionada.
 A filha completa 5 meses neste domingo (12). E mesmo sem ter passado o período de cinco anos de acompanhamento do câncer, aos 32 anos, com a filha nos braços, Heloísa tem o mesmo pensamento todos os dias. “Eu olho para ela e sempre lembro: como eu sou feliz”, finalizou.

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Katita