Oferta de vacina contra HPV na rede pública impõe desafios
ao governo (JOHANNA NUBLAT)
O governo brasileiro tem alguns desafios a resolver antes de
oferecer na rede pública a vacina contra o HPV.
Por exemplo, o tipo de vacina a ser dada e a estratégia para
ganhar a adesão de pelo menos 3 milhões de meninas na pré-adolescência.
Esperado para 2012, o anúncio da nova vacina, que pode
proteger contra verrugas e o vírus ligado ao câncer de colo uterino e outros,
deve levar ainda um tempo.
Pouco antes do Natal, os laboratórios interessados em
produzir a vacina e vendê-la para o Ministério da Saúde receberam um chamamento
para apresentar novas propostas até o fim de janeiro.
Há duas vacinas na competição: uma oferece proteção contra
dois tipos do vírus ligados ao câncer; outra protege contra esses e outros dois
tipos causadores das verrugas. Nos dois casos, a produção será feita em um
laboratório público, que receberá transferência de tecnologia de uma empresa
estrangeira.
Segundo Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do
ministério, a pasta considerou limitadas as propostas já feitas ao governo.
Além dos preços, o ministério quer detalhes sobre o volume
de investimentos nos laboratórios brasileiros que cada proposta demandará.
Escolhida a vacina, há uma estratégia a ser delineada.
O martelo não está batido, mas o Programa Nacional de
Imunizações trabalha com a perspectiva de vacinar meninas de dez e 11 anos no
primeiro ano e, depois, as de dez anos. Para ter impacto epidemiológico, a
adesão precisa ser de, pelo menos, 70%.
Segundo o secretário, será preciso explicar bem a necessidade
da vacina. "Algumas mães podem resistir, por parecer que a gente está
achando que a filha dela vai ter atividade sexual."
Barbosa diz que, para ser mais eficaz, a vacina deve ser
tomada antes do contato da menina com o vírus, o que pode ocorrer mesmo com a
relação sexual incompleta. "Estudos mostram que, a partir dos 13 anos, 30%
já têm alguma atividade sexual."
O tema da sexualidade que cerca a vacina foi alvo de
bastante debate nos EUA. Para Renato Kfouri, presidente da Sbim (Associação
Brasileira de Imunizações), esse é um problema superável. Ele lembra, porém,
que vacinar o adolescente não é tarefa simples e compara com a imunização
contra hepatite B, dada na rede pública há 14 anos.
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